Que certas canções nos despertam sentimentos muito específicos e, indefinidamente, nos levam a outros lugares, isso é fato. Confesso que gostaria de elaborar melhor essa sensação, queria que houvesse por parte da psicologia uma palavra que definisse tudo isso, queria uma explicação milimetricamente específica da ciência, queria poder entender o que é essa “good vibe” que se sente ao escutar e ver algum tipo de música, som de algum instrumento.
Não encontrei, não cheguei nem perto disso e, na verdade, entendi que nem sempre as palavras serão as melhores maneiras de expressar tudo - e isso não deve impedir esse ou qualquer assunto de estar nessa newsletter. Para não deixar a emoção boa se perder tampouco aguardar o “melhor momento” para compartilhar, deixo aqui um acervo, uma coletânea, um compilado de conteúdos que me provocam doses altíssimas de bem-estar e sensação acessar outros locais, sentimentos e emoções.
De férias em São Paulo
Você está lá, com o corpo cansado esticado na cama em plena madrugada e escuta uma música antes de dormir. Se alguém te convidasse pra um passeio pela zona sul da cidade, andar de trem na linha esmeralda ou pegar um Uber naquela região, quão sonoro seria o seu ‘não’?
O convite parece absurdo e altamente recusável… “pô, me deixa dormir” muitos diriam. Mas nesse duo do Mano Brown com o Lino Krizz, sempre me vejo contemplando as luzes da cidade vista da janela de um carro em movimento, o vento batendo levemente no rosto e nos cabelos, sem medo e sem hora pra voltar, extremamente confortável com a noite e com o som. Gosto dessa canção porque nela não lembro do tempo absurdo de deslocamento que se leva nessa cidade, da superlotação, da poluição, do caos e do cansaço. Ela evidencia, sem pretensões, o belo da cidade: as luzes, o despretensioso glamour, o contemplar a vista, o não pensar nas horas. A voz feminina que fala alguns bairros da zona sul, os melismas de Lino Krizz e o flow incrível presente em todo o álbum Boogie Naipe fazem a gente querer levantar da cama e, no nosso tempo, na maciota, viver a cidade.
Ainda no mesmo estilo, com sensações muito parecidas, está a canção Depois das Três, de Don L e Izabell Shamylla.
Sem ninguém pelas ruas e as luzes on
(…)
De rolê na cidade depois das três
Esse carro é um oasis e um harém
Nem precisa sair, tá legal aqui
Com essa brisa, meus drinks e esse sonzin'
Vamo a trinta por hora, tem pressa não
Vou curtir, que ainda é noite
Tem pressa não, tem pressa não
Comida boa, playlist excelente e cigarrinho de artista
Danielson Williams é um jovem criador de conteúdo estadunidense que espalha a palavra da comida, da música e da cannabis. Seus vídeos acumulam milhões de visualizações e transportam para o autoamor: cuidar de casa, de si mesmo, curtir uma música boa e cozinhar com prazer. Nos vídeos, ele ensina comidinhas sem ser chef, e divide seu exceente gosto musical com a audiência - regado a muito r&b, jazz, rap e outros ritmos.
O mais legal é que, em seus vídeos, ele está sempre sozinho, curtindo a brisa e o som, mas oferece não só seu baseado, mas tem um site onde você insere seu e-mail e, diariamente, ele te envia um som para enriquecer sua playlist e criar sua própria boa vibe. Cozinhar, caminhar, ler ou fazer outra coisa que você mais curta fica fácil com a curadoria do cara.
Quem não se encantou pelo Miguel é maluco
Dias atrás, um jovem menino tocando cavaquinho e cantando sambas clássicos como os de Zeca Pagodinho e Exaltassamba com tamanha afinação e afinidade fez sucesso na internet, desses virais gostosos de se ver e ouvir. O minimalismo, que me remeteu ao estilo de Paulinho da Viola, fez sucesso entre os sambistas e rendeu curtidas, comentários, visibilidade e encontros entre eles e o menino, Miguel Vicente.
Com apenas 11 anos, o menino carioca começou a publicar vídeos tocando cavaquinho e entoando canções de seus músics favoritos. Impossível não abrir um sorriso ao ver Miguel tocar com doçura e respeito as músicas mais atemporais do gênero mais brasileiro. Com vídeos igualmente lindos e simples, com a luz do sol batendo e crianças jogando bola ao fundo, todos nós somos um pouco teletransportados para a infância, para os famosos “tempos mais simples”.
Gostou da minha vibe?
Eu poderia terminar esse texto com uma sessão nostálgica que me transporta para outras épocas da vida, mas como me dei o direito à preguiça, fica como tema para uma próxima newsletter.
Para transportar meus textos à sua caixa de entrada, basta clicar no botão e viajar comigo.
Até a próxima!