“É possível jogar It Takes Two sozinho?” é a primeira pergunta que a galera individualista se faz quando descobre esse game sobre divórcio. “Sim, basta controlar os dois personagens simultaneamente” é o que responde em tradução livre o criador do jogo, Masahiro Sakurai.
Eleito o jogo do ano em 2021, fica óbvio que, brincadeiras à parte, é um game para dois, e uma verdadeira terapia de casal. Basicamente, o jogo se trata de um casal heterossexual, Cody e May, que tem uma filha. Os pais estão em processo de separação e o estopim do jogo é, não uma discussão calorosa, mas o natural estranhamento de uma conversa entre um casal que não tem mais a sinergia e o amor de antes.
A filha escuta a conversa burocrática dos pais que, sem desconfiar do fato, acabam questionando um ao outro quando contar para a pequena que o amor havia acabado. A partir daí, a estória se desenvolve com a menina sabendo do futuro divórcio dos pais e chorando no quarto com seus bonecos de madeira. Como num passe de mágica, os pais se transformam nos brinquedos da filha e, como se não bastasse esse b.o., ficam presos num universo fantasioso e contam com um livro-coach que, a pedido da filha, traz desafios para que o casal permaneça unido, mesmo que compulsoriamente.
O fato é que o game é uma delicinha de ser jogado, especialmente por casais. É preciso superar as diferenças, combinar as habilidades complementares de cada um e cooperar para vencer fases e chefões extremamente difíceis. E, além de tudo, It Takes Two conta com minigames (como uma disputa de cabo de guerra, entre outras) para passar o tempo, e onde Cody e May disputam para ver quem leva a melhor, com direito a placar, tiração de sarro e tudo.
Looping de charme, mistério e traição
In the Mood of Love, traduzido em português para Amor à Flor da Pele, é um filme clássico dos anos 2000 e um convite ao prazer da sutileza, do quase, do quizás. O diretor Wong Kar-Wai, de Hong Kong, conta a história de dois casais de vizinhos. Em um dos casais, a mulher está sempre viajando a trabalho enquanto o marido, um jornalista, tenta ganhar a vida. Do outro lado está a sempre impecável Li-Zhen, uma secretária que é esposa de um executivo sempre muito ocupado.
O filme é caracterizado por sutilezas e repetições nada cansativas, mas na verdade de cuidadosas e graduais modificações. A todo momento, Li-Zhen e Chow se esbarram nos corredores, se encontram no entra-e-sai de suas casas e ganham intimidade a cada nova interação. É como se eles flertassem com o flerte. Assim, por muitas vezes, parece ao telespectador (condicionado às obviedades bruscas das tramas) que, a qualquer momento, eles terão uma relação tórrida e extraconjugal, especialmente quando a secretária convida o jornalista para um café.
Mas o fato é que, num dos diálogos mais fascinantes do filme, ambos colocam o assunto na mesa: após muita ligação de pontos, concluem que seus respectivos cônjuges estão tendo um caso.
A partir daí, os dois começam a se encontrar, questionar, planejar a emboscada aos traidores. Li-Zhen começa a se comportar como a esposa de Chow e vice-versa, e ambos começam a se envolver e se apaixonar. O interessante é que fazem tudo isso sem ultrapassar a linha, sem chegar às vias de fato porque, segundo eles dizem, “nós não seremos como eles”.
O amor platônico nunca é consumado, o que pode soar como frustrante para os fãs de grandes dramalhões, mas o fato é que o filme é belo e singelo justamente por isso. E, por falar em repetições prazerosas, a trilha sonora do filme, tocada de maneira incessante, não causa desagrado, já que é composta, em sua maioria, de canções latinas cantadas pelo mestre Nat King Cole.
Arte pra enfrentar a bad
O artista Andrés Carmo, ou Tropicowboy, vai além de desenvolver estampas para grandes marcas nacionais. No seu Instagram, ele equaliza belas imagens com frases tristes e, em geral, de rompimento. Em recente entrevista à RG, o artista conta que o projeto de sua página é, entre outras coisas, um convite à descoberta de afetos. O resultado são belas imagens tropicais e poesia para os dias mais avassaladores.
Mas tem que me prender
Não, eu não vou te aconselhar a comprar flores para si ou a inspecionar a sua geladeira sempre que voltar de viagem, vou deixar isso com as deusas de coração partido Miley e Shakira. Mas, se gostou dessa coletânea de obras sobre rompimento e quer se unir a mim, basta clicar no botão e fortalecer essa news quinzenal. Juro que nosso relacionamento será nada tóxico, sem amarras e obrigações, só o compromisso de te divertir de vez em quando.